Literatura na escola - 6º ano: Poemas de Paulo Leminski


Introdução
Esta é a quarta de uma série de 16 sequências didáticas que formam um programa de leitura literária para o Ensino Fundamental II.

Objetivos
Estimular o gosto pela leitura;
Desenvolver a competência leitora;
Desenvolver a sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade e o senso crítico;
Estabelecer relações entre o lido / vivido ou conhecido (conhecimento de mundo);
Conhecer a diferença entre sentido literal e figurado;
Perceber a particularidade da palavra poética.

Conteúdos
Sentido literal e sentido figurado (ou denotativo e conotativo);
Paráfrase e interpretação;
Eu lírico ou Eu poético;
Forma literária.

Tempo estimado
Três aulas

Ano
6º ano

Material necessário
- Livro Melhores Poemas Paulo Leminski. 224 págs, Editora Global.
Desenvolvimento
1ª etapa: Sentido literal x sentido figurado - paráfrase dos poemas

Coloque no quadro os seguintes poemas de Paulo Leminski:

1)
você está tão longe
que às vezes penso
que nem existo

nem fale em amor
que amor é isto


2)
amarga mágoa
o pobre pranto tem

por que cargas-d’água
chove tanto
e você não vem?

3)
coisas do vento
a rede balança
sem ninguém dentro

Peça que os alunos respondam por escrito:

1. O que fala cada um dos poemas? Faça uma "paráfrase" de cada poema, ou seja, explicite seu conteúdo no nível mais literal possível (saiba mais no Box abaixo).

2. Do que falam os poemas? Arrisque uma interpretação do sentido figurado, das entrelinhas de cada poema.


Na paráfrase, o leitor deve se ater ao que as palavras significam literalmente, no seu sentido usual, como se estivessem fora de contexto. Quando interpretamos um poema, buscamos seu sentido figurado, aquele que só existe em situações não usuais. Para isso, temos que ler nas entrelinhas.
Assim, literalmente no poema 1 um Eu lírico reclama a ausência de um Tu poético que está longe e diz que isso é amor. No segundo poema, a primeira estrofe fala que o pranto tem uma mágoa amarga e, na segunda estrofe, o Eu lírico pergunta por que o Tu poético não vem, já que chove muito. No último poema, o vento balança uma rede vazia.



Discuta com a classe como uma leitura literal empobrece e distorce o verdadeiro sentido dos poemas.

2ª etapa: Interpretação dos poemas

Retome o sentido literal de cada poema com a classe e peça que eles exponham suas ideias sobre o sentido figurado. Lembre-se que um bom poema pode comportar mais de uma interpretação.

O primeiro poema fala do sentimento de vazio provocado pela ausência da pessoa amada, e que amar é sentir-se deixar de existir diante da ausência do outro. No poema dois, realizando uma analogia entre o choro e a chuva, o Eu lírico também reclama a ausência do ser amado. No último poema, o Eu lírico constata o vazio diante da ausência de um ser que preenchia uma rede com seu corpo e agora não a preenche mais.


Discuta com a sala:
- Os três poemas falam da mesma coisa?
- Os três poemas falam do mesmo jeito?
- No que os poemas são diferentes?

3ª etapa: Análise dos poemas: conceito de Forma Literária

Retome os três poemas e a discussão anterior.


De fato, os três poemas de Paulo Leminski se aproximam tematicamente na medida em que tratam de ausência e saudade. No entanto, é importante observar que são muito diferentes no que se refere à sua forma: para falar do mesmo "assunto", cada um usa uma imagem e cada um faz um jogo diferente com as palavras. Vejamos:
O primeiro poema figura a saudade do ser amado usando uma rima bastante significativa: existo e isto. O ser amado vai para longe e ele sente como se não     existisse e, muito por meio da rima, afirma que isso é que é o amor.
O segundo poema figura o mesmo tipo de saudade fazendo uma analogia entre o pranto e a chuva. Quando o Eu lírico pergunta "porque cargas d`água chove tanto e você não vem" e a palavra "vem" rima com a amarga mágoa que o pobre pranto "tem", percebemos a analogia entre pranto e chuva. O que o Eu lírico reclama é a ausência do ser amado mesmo diante de seu intenso sofrimento (traduzido em pranto, figurado em chuva).
O último poema, rimando vento e dentro, figura a ausência por meio da imagem de uma rede vazia.


Mostre aos alunos que, na linguagem poética, a FORMA vale tanto quanto o CONTEÚDO. Mais que isso, o conteúdo só ganha sentido por meio da forma. Em poesia, e em arte de um modo geral, FORMA É CONTEÚDO.

Avaliação
Em uma aula, individualmente e com consulta ao livro e ao caderno, peça que os alunos respondam as mesmas questões com poemas diferentes.


WEISZ.E. BOAINAIN.R.M. Literatura na escola - 6º ano: Poemas de Paulo Leminski. Revista Nova Escola. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/literatura-escola-6o-ano-poemas-paulo-leminski-553855.shtml> Acesso em 13/12/12



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